Passados doze meses
Eis que a mãe elefanta e
o pai elefante
Olham um para o outro
E enfastiados, cansados
De uma longa espera
Prevêem o que irá suceder
Um grande dilúvio
Vindo mesmo do ventre
Da mãe elefanta
Corajosa,
E sem nada temer
Aceita aquilo que tanto
esperavam
E eis que surge
Que nasce,
Pronta e resoluta
A prenda maior
Denominada de Blimunda
Assim que abre os olhos
Todos os elefantes
Entrelaçam as suas
trombas
Em grupos de quatro ou
cinco
Formando, vistos do céu
Círculos gordos
estrelados
Eis, que pesarosamente
Todos os elefantes agitam
docemente
Os seus rabos e caudas
Formando uma dança
Lenta de felicidade
Voam estorninhos
Em agitação
Lançando sobre Blimunda
Uma cascata infindável de
beijinhos
Lábios pintados de
vermelho
Depõem-se sobre ela
Feita chuva incessante
Que ao cair na terra
Se desmancham e
transformam
Em explosivos brilhantes
De todas as cores
Salpicando o verde
De um novo arco-íris
Blimunda
Na sua cabecinha
Um monte de letras vê
Bês, mês, jês, is e ases
E como todos os elefantes
Que ao nascer logo abrem
os olhos
E que logo iniciam a
marcha
Na vida
Blimunda
Começou a andar
Cantando uma melodia
De onomatopeias
Os seus pais pensaram,
Mas Blimunda, afinal,
Não demorou assim tanto…
Nasceu antes do tempo.
Bárbara Bardas
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