10/03/13

O Nascimento de Blimunda

Passados doze meses
Eis que a mãe elefanta e o pai elefante
Olham um para o outro
E enfastiados, cansados
De uma longa espera
Prevêem o que irá suceder

Um grande dilúvio
Vindo mesmo do ventre
Da mãe elefanta

Corajosa,
E sem nada temer
Aceita aquilo que tanto esperavam

E eis que surge
Que nasce,
Pronta e resoluta
A prenda maior

Denominada de Blimunda
Assim que abre os olhos

Todos os elefantes
Entrelaçam as suas trombas
Em grupos de quatro ou cinco
Formando, vistos do céu
Círculos gordos estrelados

Eis, que pesarosamente
Todos os elefantes agitam docemente
Os seus rabos e caudas
Formando uma dança
Lenta de felicidade

Voam estorninhos
Em agitação
Lançando sobre Blimunda
Uma cascata infindável de beijinhos
Lábios pintados de vermelho
Depõem-se sobre ela
Feita chuva incessante
Que ao cair na terra
Se desmancham e transformam
Em explosivos brilhantes
De todas as cores
Salpicando o verde
De um novo arco-íris

Blimunda
Na sua cabecinha
Um monte de letras vê
Bês, mês, jês, is e ases

E como todos os elefantes
Que ao nascer logo abrem os olhos
E que logo iniciam a marcha
Na vida

Blimunda
Começou a andar
Cantando uma melodia
De onomatopeias

Os seus pais pensaram,
Mas Blimunda, afinal,
Não demorou assim tanto…
Nasceu antes do tempo.

Bárbara Bardas

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