07/12/12

Escrita Automática

Era uma vez alguém
que estando tão à nora
se punha a inventar
inventar até pode parecer coisa de desocupados
mas ao que parece não era

Era uma vez alguém
que farto de procrastinar
inventava cafés para beber, cigarros para intoxicar
e precisava também de um nodepe da Adília (ela sabe o que é)

Era uma vez alguém
que tendo a mania que era petulante
pensava que conseguia dobrar todos os cabos das malfeitorias

Era uma vez alguém
que nas imediações de atingir o que queria
se punha a inventar vontades de vertigens
viscerais, de nós estomacais, ausências de direcção
e se punha a fazer o que não devia

Era uma vez alguém
que tanto inventava que tinha de se auto-censurar
que dar barraca não gostava
e meter a pata na poça
também não

Arranjar distracções, subterfúgios,
palavras novas e expressões novazinhas
era o que fazia
em vez de algo de útil fazer

Assim, de repente
quem diz a verdade não merece castigo
mas parece, que também não é o caso

Bárbara Bardas

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