ao amigo vindo da luminosa
Itália, a minha cidade, como eu
soturno e triste...
Évora! Ruas ermas sob os céus
cor de violetas roxas... Ruas frades
Pedindo em triste penitência a Deus
Que nos perdoe as suas míseras vaidades!
Tenho corrido em vão tantas cidades!
E só aqui recordo os beijos teus,
E só aqui eu sinto que são meus
Os sonhos que sonhei noutras idades!
Évora!... O teu olhar... o teu perfil...
Tua boca sinuosa, um mês de Abril,
Que o coração no peito me alvoroça!
... Em cada viela o vulto dum fantasma...
E a minh'alma soturna escuta e pasma...
E sente-se passar menina e moça...
Florbela Espanca
in Sonetos
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