05/02/12

Uma dialéctica da Beleza e da Verdade (Nove Incursões)

(...) A Beleza não é uma finalidade?
E a Verdade?
A Verdade parece uma finalidade?
E a Beleza?
A Verdade procura-se.
E a Beleza?
A Beleza atinge-se.
E a Verdade?
Procura-se e não se atinge.
E a Beleza?
Atinge-se se é procurada.
E a Verdade?
Nem procurada.

Só se encontra o que se procura.
Mas só se procura algo que se conhece senão não seria possível reconhecê-lo quando fosse encontrado; senão apanha-se o seixo em vez do diamante.
Mas ainda é preciso saber que o diamante se esconde na ganga.
O diamante só se revela depois de descoberto.
Mas é preciso saber que ele se esconde e aonde.
O diamante é o que é belo e verdadeiro.
Mas como é que sabemos que é belo?
Comparando-o.
E como sabemos que é verdadeiro?
Comparando-o.
Com quê?
Consigo próprio.
E se houver mais que um?
Se forem iguais.
E como é que sabemos que são iguais?
Comparando-os.
Com quê?
Com as outras consistências de que diferem.
Então é uma forma de particularismo?
É um particularismo plural.
Então tudo é sintoma?
É.
De quê?
De tudo.
Tudo é sintoma de tudo?
É.
Então tudo é Verdade?
É.
Então tudo é Beleza?
É.
Então não há Beleza nem Verdade, há
só  Tudo?
Há só Tudo.
E o que é Tudo?
Tudo é o que em tudo é.
Como é que se conhece?
Reconhecendo-o.
Onde?
Em tudo.
Como?
Silenciosamente.(...)

in Hatherly, Ana; Nove Incursões. Ed. Sociedade de Expansão Cultural

2 comentários: