20/02/12

Blues para Bessie

Bessie Smith, a maior das primeiras cantoras de blues,
morreu violentamente após um acidente de automóvel
durante uma digressão teatral pelo Sul em 1937.
Os jornais informaram que ela se esvaiu em sangue até morrer

quando o único hospital por perto
recusou a sua atenção médica de urgência
porque ela era uma mulher Negra.
Deixai as pessoas saber (unnh)
o que eles fizeram naquela cidade do Sul
deixai as pessoas saber
o que eles fizeram naquela cidade do Sul
bom, eles deixaram a pobre  Bessie morrer
com o sangue (Senhor) que ela perdeu

Bessie deixou Chicago
num Cadillac castanho e novo;
não levou carteira
mas vestiu o negro de luto
Ela partiu até chegar a Dixie (Senhor)
e eles despacharam o seu corpo de volta

Senhor, não foi terrível
quando aquela chuva caiu
Sim, não foi terrível
quando a chuva caiu
e a velha ceifeira apanhou a pobre Bessie
nessa cidade de Jim Crow

Bom, os trovões soavam
e a luz do relâmpago rompia o céu
Senhor, os trovões soavam
e a luz do relâmpago rompia o céu
E podiam ouvir-se os gemidos da pobre Bessie
"Deus Imenso, não me deixes morrer!"

Ela gritava "Senhor, ajuda-me por favor!",
mas Ele nunca ouviu uma só palavra que disse
Gritava, "Por favor, alguém me ajude!",
mas eles nunca ouviram uma só palavra que disse
Amigo, quando a sorte te acaba em Dixie
pois, de nada serve rezar

Bom, eles deram a pobre Bessie
ao coveiro:
A velha ceifeira e Jim Crow (Senhor)
fizeram o trabalho, mão a mão
Bom, Bessie, Bessie
não cantará blues nunca mais
Porque eles deixaram-na em sangue (Senhor)
andando de porta em porta

Bessie deixou Chicago
num Cadillac novinho
Sim, Bessie deixou Chicago
num grande Cadillac Oito
Mas eles despacharam o seu corpo de volta (Senhor)
naquela triste barca nocturna

Senhor, deixa as pessoas saberem
o que eles fizeram naquela cidade do Sul
Sim, deixa as pessoas saberem
o que eles fizeram naquela cidade do Sul
bom, eles deixaram a pobre Bessie morrer
com o sangue (Senhor) que ela perdeu


Miron O'Higgins
in AS MULHERES VISÍVEIS - ANTOLOGIA DE POEMAS SOBRE MULHERES, ed. Alma Azul

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