O corpo de dorido
Entrega-se ao quebranto
resignado
Cansado de lutar
Surpreendido
O corpo tudo deu
Ao dar-te a si
E por ao que se deu
Foi derrubado
Desiste do porquê
Do perguntar inútil
Olhos febris
Sem ver
Ainda fitam
O vidro que o sol bate
E de momento
Pela dor
Vencido fica
À dor agrilhoado
Corpo do corpo-escravo
Jaz, vencido
Mas logo vencedor
Pelo olhar
Liberto
Pois que o olhar
Insiste
Deslumbrado
Maria Eugénia Cunhal
in História de Um Condenado à Morte
Sem comentários:
Enviar um comentário