17/06/15

O corpo de dorido
Entrega-se ao quebranto
resignado
Cansado de lutar
Surpreendido
O corpo    tudo deu
Ao dar-te a si
E por ao que se deu
Foi derrubado

Desiste do porquê
Do perguntar inútil

Olhos febris
Sem ver
Ainda fitam
O vidro que o sol bate

E de momento
Pela dor
Vencido fica

À dor agrilhoado
Corpo do corpo-escravo
Jaz, vencido

Mas logo vencedor
Pelo olhar 
Liberto


Pois que o olhar
Insiste
Deslumbrado

Maria Eugénia Cunhal
in História de Um Condenado à Morte

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