10/01/13

VENHO NO CAMINHO DE VOLTA

1. se em altos cimos julguei albergar-me
é mais solitária a queda em que me acho.
lambida porém até ao fim com exigência.


2. já venho no caminho de volta tranquilo
sosseguem recuperei-me. ainda que aqui
neste ponto onde estou seja nulo meu ficar.


3. é fértil quand-même este estarmos?
amigos meus que não tenho nomeio só
há fumo-cortina aquém janela o lado de cá.


4. e além do mais exíguas as paredes todas
absurdamente exangues e caiadas
à espera de uma janela de magritte.


5. venho é verdade na vertente deste lado
contida a queda lambo-a até ao fim:
projecção minha já no sopé vê-me como desço.


6. se tivesse podido alguém viria comigo:
mas quem previsto de medos se não detém?


Wanda Ramos
in A JOVEM POESIA PORTUGUESA/1, ED. LIMIAR

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